4 de dez. de 2009

CULTURA
Nova edição da Cartaz está nas bancas



Com uma bela e extensa reportagem de capa sobre Cristovão Tezza, finalmente saiu a nova revista Cartaz (R$ 9, 90), uma publicação de cultura muito bacana, editada em Florianópolis e que reúne colaboradores do Brasil todo.

Nesta edição n. 30, fui um desses colaboradores, com uma reportagem sobre o Mordida.

Quem quiser adquirir a revista pelo correio pode entrar em contato com a editora Empreendedor
.

A seguir, o texto sobre o Mordida, uma das melhores bandas de rock do país.




Uma montanha-russa chamada Mordida
Banda curitibana Mordida faz um rock criativo e empolgante. Na ativa desde 2003 e com seis EPs lançados, grupo prepara agora o seu primeiro long play

Por Franco Caldas Fuchs – Curitiba

Se o rock fosse um parque de diversões, enquanto algumas bandas seriam monótonos carrosséis ou rodas-gigantes, a banda curitibana Mordida seria uma montanha-russa, por conta dos percursos inusitados que trilha e pela força do seu som.

Tirando por base canções como “Sofá Psicobélico”, “Pro Inferno Ninguém” e “Tapete Molhado”, é possível dizer que um passeio típico “de Mordida” se inicia com uma bateria vigorosa e acelerada, somada a riffs instigantes de guitarra, acompanhada de teclado. À medida que avança, letras imprevisíveis, bem humoradas e cantadas em português vão surgindo, assim como insuspeitos mergulhos instrumentais. Uma viagem dessas dura em média três minutos, tempo suficiente para deixar o público dançando, cantando e pedindo bis.

Formado por Paulo Hde Nadal no vocal e guitarra, Ivan Rodrigues na bateria, Marcelo Stammer no baixo* e mais artistas convidados que assumem guitarras e teclados adicionais, o Mordida faz um dos shows mais afiados e empolgantes de Curitiba, atraindo um número crescente de fãs a cada apresentação.

(*Até o fechamento da edição da revista - maio de 2009! - a formação da banda era essa. Hoje mudou um pouco.)

O cara e a cara do Mordida

O conceito e as composições partem dele: Paulo Hde Nadal, o frontman do Mordida que, com um estilão new wave à la Evandro Mesquita, dá o tom descontraído da banda. Fora do palco, porém, Paulo revela-se um sujeito contido e nada falastrão. Pelo menos assim estava, quando falou à revista Cartaz sobre a sua trajetória até a criação do Mordida.
Porto-alegrense nascido em 1974, Nadal passou a adolescência em Chapecó, onde tocou por um bom tempo com a lendária banda Repolho, fundada pelos irmãos Panarotto. “Foi o primeiro grupo que eu participei, que teve uma continuidade e uma proposta”, diz ele. “Era uma banda divertida e ultraperformática. Tocávamos fantasiados de coisas absurdas.”

Em 1993, feito um “kamikaze em busca de aventura”, como canta na música “Garotos do Interior” (presente no Trama Singles, do Mordida), Paulo foi pela primeira vez a Curitiba. Na capital paranaense, com os amigos Marcelo e Eric, logo formou a Emílio & Mauro, uma banda de estilo brega/jovem guarda.
Incompreendida na época e extinta em menos de um ano, a banda se revelaria “cult” tempos depois – em 2008, grupos como Graforréia Xilarmônica, Osmarmotta, The Feitos e o próprio Mordida gravaram um tributo a Emílio & Mauro, lançado pelo site brasiliense Senhor F.

Após mais uma volta a Chapecó, Nadal se mudaria definitivamente para Curitiba em 1999, dando seqüência a um curso de Artes Visuais na Faculdade de Artes do Paraná, e montando, com o parceiro Pedro Solak, uma banda experimental chamada Badulaque, muito influenciada pelo som de Tom Zé.

Sem rumo definido, mas com trabalho pela frente
Em 2003, já encerrado o Badulaque (que apesar da curta duração, entrou em uma coletânea promovida pelo Instituto Itaú Cultural em 2001), Paulo fundou o Mordida, estimulado pelo amigo Assanga José, que queria montar uma banda de rock. Daí em diante, diversos músicos entraram e saíram do grupo, mas Nadal se manteve sempre na dianteira do projeto.

Com seis EPs no currículo, sendo os dois últimos – Eu Amo Vc (2008) e Trama Singles (2008) – gravados de forma completamente caseira (low-fi, mas caprichados, vale destacar), Paulo agora se dedica às composições do primeiro long play do Mordida, trabalhando em cima desse material com os parceiros Ivan Rodrigues e Marcelo Stammer.
Sobre o novo disco, que deve ser lançado até o fim do ano, Paulo prefere não entrar em detalhes, mas garante que “novas sonoridades serão incorporadas”, o que de praxe se observa a cada álbum do grupo. Questionado se considera necessário ou não migrar com a banda para São Paulo, a fim de obter uma exposição nacional maior, Paulo não descarta a possibilidade, mas diz que não é preciso idealizar um caminho como esse. “Sou entusiasta da internet, um meio democrático que nos dá voz e nos permite levar a nossa música a várias pessoas, independente de estarmos ali ou acolá.”

Para Nadal, importante é que o Mordida continue tocando e consolidando o seu espaço. “Quem busca desenvolver uma carreira sabe que o único caminho para isso é trabalhando muito. E trabalho nós temos.” De resto, é “seguir a trilha sem rumo de um infinito universo paralelo”, diz ele, citando uma frase do músico e chapa porto-alegrense Marcelo Birck.

Discografia
Mordida (2005)
Ao Vivo na Grande Garagem que Grava (2005)
Tokyo (2007)
Festa Jovem (2007)
Eu Amo Vc (2008)
Trama Singles (2008)
Ouça músicas e assista a clipes do Mordida
www.mordida.art.br www.tramavirtual.com.br/mordida www.myspace.com/mordidarock

*
Tão só no carango o moço bom
No dinossauro móvel com a fama de mau
Dirige firme o papo em disparada
De mansinho ele manda pro inferno
De mansinho ele manda pro inferno
Pro inferno
Trecho de Pro Inferno Ninguém
*
Me perco na sua mente colorida
Que me amarra por ondas cerebrais
Eu fico tingindo as minhas roupas
Já que eu não posso tingir o meu astral
Trecho de Sofá Psicobélico
*
Meia de nylon
Tapete molhado
Foge da felicidade
O amor é porra louca
Agora em cápsula
O amor não acabou
Trecho de Tapete Molhado

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