29 de nov. de 2009

Teatro
Língua da Montanha poderá ser ouvida novamente
Em 2010, Grupo de Teatro Amador (Gruta) do Colégio Estadual do Paraná pretende dar sequência à montagem de Língua da Montanha. Escrita pelo dramaturgo inglês Harold Pinter (1930-2008), a peça foi encenada pela primeira vez em Curitiba no início de novembro



Acabo de bater um papo com o diretor de teatro Hermison Nogueira e ele me diz que tem planos de continuar apresentando a Língua da Montanha (Mountain Language, 1988), de Harold Pinter, em alguns eventos e festivais no ano que vem.

Sorte do público se isso acontecer. Apresentada bem na semana do apagão, no início do mês (de 9 a 13 de novembro), em cinco sessões concorridas no salão nobre do Colégio Estadual do Paraná, essa ótima montagem foi vista, praticamente, apenas pelos alunos e a comunidade do colégio.


Caso seja apresentada mais vezes, a peça fugirá um pouco da triste sina que acompanha os trabalhos do Grupo de Teatro Amador (Gruta) do Colégio Estadual, coordenados por Nogueira desde 2006.


Todo início de ano o diretor pega um punhado de jovens inexperientes, mas cheios de vontade, e os transforma em verdadeiros atores, que dão um banho em vários profissionais por aí. O único porém é que, após desenvolver um treinamento de até nove meses – adotando preceitos e técnicas de mestres como Jerzy Grotowski, Eugênio Barba, Kazuo Ohno, Luis Otávio Burnier e Denise Stoklos –, Nogueira enfrenta uma grande dificuldade para promover um número amplo de apresentações e para manter o Gruta unido.

Como o grupo é amador, faltam verbas para locar espaços fora do colégio e é difícil conciliar o tempo dos atores, que são adolescentes em fase de transição. Logo após as apresentações de fim ano, muitos deixam o Gruta para estudar para o vestibular (alguns depois acabam indo para a Faculdade de Artes do Paraná) ou seguem outros caminhos.

Por tudo isso, a cada ano, Hermison precisa formar um grupo novo, e é impressionante como, apesar das mudanças de elenco, o alto nível das montagens se mantém, desde Aurora da Minha Vida (2007), de Naum Alves de Souza, passando por Atentados (2008), de Martin Crimp, e agora Língua da Montanha. (Se não comento sobre Aquele que diz sim e aquele que diz não, de Bertolt Brecht, montado pelo Gruta em 2006, é porque não a assisti à peça.)

Um pesadelo de violência.

Real, universal e atemporal


Em qualquer época e lugar do mundo, por quaisquer motivos, um grupo humano tenta subjugar outro. E dominar a cultura alheia, principalmente calando a sua língua, é uma das principais formas de exercer esse poder de dominação.

Dessa violência trata a peça de Harold Pinter, que mostra o brutal tratamento dado por soldados a mulheres e prisioneiros que falam uma língua proibida, a Língua da Montanha.

Um esboço da obra começou a ser escrito por Pinter em 1985, logo após ele ter visitado a Turquia, onde presenciou a repressão sofrida pelos Curdos naquele país. Finalizando a peça em 1988, Pinter afirmou que ela não aludia exclusivamente à situação dos Curdos, mas sim a de todos os povos que já foram ou continuavam sendo reprimidos.

Prevista pelo autor para ter uma duração de 25 minutos, aproximadamente, na montagem do Gruta a peça se expandiu para cerca de uma hora, decisão coerente com a habitual proposta do grupo de ir muito além das rubricas do texto.

E só dispondo de mais tempo para dar conta de toda uma movimentação complexa dos oito atores em cena. Fugindo de interpretações naturalistas, eles exploravam ao máximo os momentos de silêncio, as pausas e as transformações corporais, muita vezes em um ritmo extremamente lento. "O sofrimento é lento. E parte dessa lentidão tem a ver com algumas coisas que pesquisamos do Butoh", me disse Hermison.


A interação com mais de 20 membros do coral do Colégio Estadual e da Universidade Federal do Paraná, responsáveis por toda a trilha sonora da peça, também exigiu mais tempo. Detalhe importante: as músicas foram compostas especialmente pelo maestro Alvaro Naldony, em uma “língua da montanha” criada por ele.

Combinando um texto de muitas qualidades (apesar de não ser genial, a dramaturgia mexe, provoca e deixa o espectador encucado), com uma encenação ousada, liberta de clichês e truques (nada de fumaça, projeções, iluminação ou figurinos especiais...), o Gruta conseguiu, mais uma vez, despertar a atenção de sua crítica platéia no Colégio Estadual. Transformar, a cada noite, cerca de 100 adolescentes anárquicos e inquietos em espectadores silenciosos e perplexos é coisa de profissional. Mais gente precisa ver isso.

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23 de nov. de 2009


Uma seleta de Economia

Eis aqui uma seleção de matérias, do período em que estive na editoria de Economia da Gazeta do Povo:

Sobre os desafios da produção de móveis artesanais em Campo Magro
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=939775&tit=Polo-moveleiro-a-espera-de-fortalecimento

Sobre a Harmônicas Hering, fábrica blumenauense de gaitas de boca
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=935062&tit=Notas-musicais-revividas

Sobre a expansão dos cursos tecnológicos
http://www.gazetadopovo.com.br/posgraduacao/conteudo.phtml?id=918252


Sobre pequenos empreendedores que iniciaram seus negócios com o auxílio da Central Fácil, do Sebrae
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=937699


Sobre o aumento do IPI cobrado na compra de automóveis, em novembro de 2009
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=939808&tit=IPI-sobe-mais-um-degrau

Sobre como as dívidas vão sugar o 13 salário dos brasileiros
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=942965&tit=Dividas-vao-sugar-13-salario

Sobre como a China mistura papéis de parceiro e vilão com o Brasil
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=946840&tit=China-mistura-papeis-de-parceiro-e-vilao

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